Por que as pessoas doam?
Se você está em um relacionamento complicado com o dinheiro, não se preocupe, você não está só. Finanças pode ser, e normalmente é, um assunto difícil de ser tratado. Apesar disso, pedir por doações é uma parte essencial das organizações da sociedade civil.
E eu sei por que pedimos dinheiro: trabalhamos com causas próximas dos nossos corações e, apesar de querermos resolver todos os problemas do mundo, normalmente não temos verba nem para manter nosso emprego.
Mas o que tem me intrigado ultimamente é o outro lado da moeda. Do ponto de vista do doador, o que faz com que eles deem dinheiro? Minhas muitas pesquisas trouxeram os seguintes resultados:
- Doar é um ato social
As pessoas ficam mais inclinadas a doar quando quem pede pela doação é alguém que elas conhecem. Além disso, ao ver outras pessoas doando, as pessoas tem tendência maior não só a doar, mas a doar um valor semelhante ou equivalente ao que as outras pessoas doaram. (Por isso recomenda-se não iniciar campanhas de arrecadação no zero, mas juntar uma grana da sua rede pessoal antes do início da campanha). - Doar é fazer parte de algo maior que si
“Doar não é um cálculo do que se está comprando,” Karlan explica. “É participar de uma luta.” As pessoas doam porque acreditam na causa e querem juntar forças para resolver o problema proposto. A doação nos dá o sentimento de que não estamos sozinhos e que, juntos, podemos alcançar qualquer coisa — inclusive mudar o mundo. - Doar é se conectar
Doações são formas de se conectar com a comunidade e com outros seres humanos. Esse é o motivo pelo qual campanhas que contam histórias de indivíduos costumam ter resultados melhores do que campanhas focadas em números e informações gerais. Através de doações, nós nos sentimos mais próximos dos outros seres humanos e mais próximos do nosso próprio lado humano.
Ainda existem outros fatores que colaboram ou se relacionam com o ato de doar, como urgência, simplicidade, reconhecimento, timing, pressão social, participação de celebridades, compaixão, e até culpa. Vamos falar desses fatores mais pra frente, mas acredito que as 3 razões citadas acima são as raízes.
Um fato interessante é que uma pessoa pode nunca ter doado simplesmente porque essa ideia nunca passou pela sua cabeça. Nesses casos, o simples ato de pedir ou de criar uma opção para doar é suficiente para criar um doador. Torne frequente o ato de pedir: envie emails, faça postagens, ative sua rede. Também vale a pena investir em ferramentas que facilitem e lembrem da possibilidade de doar, como acrescentar uma opção “Doe Aqui” no seu site, nas redes sociais, no carrinho de compras virtual e em lojas físicas — e para as últimas opções, parcerias fazem uma grande diferença!
Mais um exercício extremamente útil é perguntar diretamente a sua rede de doadores por que eles doam. Pode ser através de enquetes, emails, telefonemas, encontros — vai depender de quem são seus doadores e como eles gostam de ser contactados. Essa atitude vai lhe aproximar dos seus doadores e lhe ajudar a desenvolver esses relacionamentos, e as respostas obtidas podem levar a novas e melhoradas formas de criar campanhas. Além disso, as histórias deles podem servir de inspiração para outras pessoas também se tornarem doadores.
Repito: doações não são transações financeiras. É conexão, confiança e luta em forma de dinheiro. E doadores são parceiros incríveis que acreditam tanto neles mesmos quanto na gente.
Revisão por Rafaella Küper Nóbrega, tradutora, revisora e editora, rkupernobrega@gmail.com
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